Algumas vezes a felicidade bate em nossa porta, outras na palma da mão.
A sorte pode estar disfarçada com 4 patas e pelos pelo corpo...
Como tudo começou
Numa bela manhã de sexta feira 13, Alfio e Júlia caminhavam em direção a sua tradicional aula de Ashtanga Yoga quando algo inesperado surgiu no canto de uma viela. Era uma manhã quente de verão com vários cachorros passando pela rua famintos.
Também passavam carros, motos e caminhões. Motoristas incautos ignoravam os pequenos seres que habitavam as redondezas. Um desses pequenos indivíduos andava tranquilamente próximo às folhas de fruta pão caídas no chão. Tinha uma pelagem preta, cinza e dourada. Caminhava com confiança, mas parecia estar em busca de algo.
Imediatamente fomos compelidos a ir em direção a esse ser tão eminente e encantador para ganharmos uma benção matinal e perguntar se precisava de ajuda em sua busca matinal. Dr. Alfio Sampieri usou sua perspicácia sobre biologia e psicologia felina e logo estendeu sua mão direita com a palma voltada para baixo para que ela pudesse cheirar e ver que ele era digno de confiança. Porém o que ela fez deixou a todos muito surpresos.
Esse pequeno ser com uma barriga enorme se sustentou nas duas patas traseiras e deu uma cabeçada na palma da mão de Dr. Sampieri. Pronto! Estava feito o imprint e nada mais poderia separar-los.
“O gato é uma maquininha que a natureza inventou; tem pêlo, bigode, unhas e dentro tem um motor. Mas um motor diferente desses que tem nos bonecos porque o motor do gato não é um motor elétrico. É um motor afetivo que bate em seu coração por isso ele faz ronron para mostrar gratidão. No passado se dizia que esse ronron tão doce era causa de alergia pra quem sofria de tosse. Tudo bobagem, despeito, calúnias contra o bichinho: esse ronron em seu peito não é doença – é carinho.”
Ferreira Gullar
Por que adotar um gato?
“Gato, eu gostaria de te emprestar este livro, mas parece que tu já o leste”.
Ele me olha com seu olhar penetrante, e ronrona: “Não seja ridículo… Fui eu que escrevi!”
Dilys Laing
Algumas pessoas pensam que adotar um gato é o mesmo que adotar uma pedra, mas são seres completamente diferentes. Um gato não é enfeite e exige mais cuidado, dedicação e amor. É um ser capaz de amar e ser amado como qualquer outro ser humano.
Na verdade, o gato chega a ser superior aos humanos em diversos aspectos. A audição dos gatos é muito apurada e supera em muito a nossa. Além de ouvirem frequências que não conseguimos detectar, eles são mais flexíveis e enxergam melhor no escuro. Além claro de sua infinita conexão com a natureza e consigo próprio.
As patas de um gato possuem garras escondidas para usar quando necessário e um aparato acolchoado que permite que andem como ninjas, sem que ninguém perceba quando chegam ou quando se vão…
Apesar de tanta beleza e dignidade, ainda existem pessoas que causam maus tratos deliberadamente a esses seres fascinantes! Sabendo de todas as atrocidades que os humanos foram capazes de cometer com os gatos (e com a própria espécie humana) decidimos que os guardiões dos descendentes de Elizabeth 8° da Costa do Dendê da Bahia deveriam ter um caráter irrepreensível, altivez, amor e tempo para se dedicar a essa missão.
“De todas as criaturas de Deus, somente uma não pode ser castigada. Essa é o gato. Se fosse possível cruzar o homem com o gato, melhoraria o homem, mas pioraria o gato.”
Mark Twain
Por que a linhagem de Elizabeth 8° da Costa do Dendê da Bahia é tão especial?
Elizabeth 8° da Costa do Dendê da Bahia, vulgo Betinha é uma espécime rara de pelagem chamada Carey. A maioria dos gatos com essa pelagem são preto e laranja, mas Betinha possui tons de dourado que denotam possuir sangue real!
A palavra Carey se deve ao fato de que o padrão de cor de sua pelagem se assemelha ao das tartarugas marinhas que recebem esse nome, a tartaruga-de-pente, tartaruga-legítima ou tartaruga-carey. Isso significa que sua linhagem terá longevidade inspirada nas tartarugas marinhas de Barra Grande - Bahia, sua terra natal. Isso é o desejamos, claro!
Vossa Alteza adorava apreciar o pôr do sol na Praia da Bombaça. Infelizmente as condições de vida que ela enfrentava eram deploráveis. A pessoa que havia se proposto a cuidar dela saía para trabalhar e a deixava do lado de fora da casa sem comida, e Betinha se virava como podia! Até hoje, mesmo com a barriguinha cheia, ela tem o costume de revirar a lixeira da cozinha, mas aos poucos está perdendo esse hábito, e se sentindo segura sabendo que não vai lhe faltar alimento e lugar para dormir.
Seu filho - da penúltima linhagem - Irineu teve o rabo quebrado por pura maldade humana. Sua filha - irmã de Irineu - Clementina foi agredida com uma pedra e teve as patas traseiras quebradas, vindo a falecer com muita dor alguns dias depois. Isso foi apenas o que demos conta de ouvir e não quisemos ouvir mais dessa narratória cruel. Por essa e tantas outras histórias horripilantes tivemos certeza que ela não pertencia àquele lugar e merecia uma vida e companhia melhor.
Os desafios na adoção de um gato
Quem adota um gato deve estar preparado para cuidar dele nas horas fáceis e difíceis. Não se abandona um amigo na primeira adversidade, certo?
Juramos cuidar da Betinha com todo o nosso amor e quando a adotamos sabíamos de todos os riscos. Após 30 dias do nascimento dos filhotes, o primeiro vermífugo que demos a ela e aos filhotes foi o chamado Chemital. Contudo esse vermífugo não pareceu surtir muito efeito, pois sua barriguinha continuou inchada. Fomos orientados a repetir a dose novamente após 15 dias, mas ainda assim permaneceu a mesma coisa.
Foi então que outra veterinária prescreveu o Vermivet, que também não foi grandes coisas, pois começamos a notar que suas fezes ainda estavam mal formadas e algumas vezes com sangue (*Obs. para detectar se as fezes estão com sangue, basta colocar um pouco de água oxigenada sobre as fezes, se espumar o resultado do teste é positivo, ou seja, tem a presença de sangue).
Só então a veterinária decidiu associar outro componente que combatesse também a giardia, o nome desse último vermifugo foi Vetmax. Dessa vez o formato das fezes melhorou e a presença de sangue não estava mais lá quando fizemos o teste com água oxigenada.
O desafio
Além da saga com os vermífugos, havia outra ainda: O JOGO DAS RAÇÕES! Betinha apresentava Doença Inflamatória Intestinal. Que pelo visto não é exclusividade dos humanos... Dessa vez, presenciamos esse "jogo das rações" em que cada veterinário prescreve uma ração mais cara do que a outra, premium disso, hipoalergênica daquilo e nenhuma delas consegue ser boa o suficiente para aliviar os sintomas e todas parecem apenas piorar o quadro, e daí começam a solicitar exames caríssimos, que só fazem estressar o gatinho, para no final a conduta ser a MESMA.
Tomamos a decisão de oferecer a ela a comida mais natural possível e que mais se assemelhasse ao que um felino saudável comeria na natureza, ou seja, comida de verdade. Ela ainda não melhorou completamente, mas está bem melhor do que quando ela utilizava ração (seja lá qual marca que fosse!). Também optamos por não utilizar sachê, pois só de ler a lista de ingredientes e o tanto de sódio naqueles produtos sabíamos das consequências possíveis (que não eram boas), seja o gatinho saudável ou não, excluimos esse item completamente e nenhum deles nunca comeu. Fizemos a nossa versão de sachê preparando atum fresco no vapor e depois deixando de molho em azeite extra virgem. Só pra frisar: Betinha e os filhotinhos amam essa iguaria.
Por esses e outros motivos, não fazia sentido utilizar a ração para os filhotes e decidimos alimentá-los com comida natural também, além do leite materno da Betinha, claro! Por falar em coisas "sem sentido" alguns veterinários e funcionários de lojas famosas nos disseram que "o sal da ração seria bom porque faria o gato beber mais água, já que os gatos não bebem muita água..." .
Não sei você leitor/ leitora, mas o mesmo bom senso que utilizo comigo, também o faço com meus amigos. Se um ser tão inteligente como o gato não bebe água EM EXCESSO é porque NÃO PRECISA, certo? Não bebe porque não está com sede. Quem conhece sabe o quanto um gato pode ser insistente ao querer alguma coisa 😼. Agora me responsa com sinceridade: faz algum sentido dar uma "dose" desnecessária de sal só para obrigar o gatinho a sentir mais sede?
Alguém já viu um gato na natureza tirando do bolso um pacotinho de sal para temperar sua caça? Tenho certeza que não!
Itens e atividades úteis
Algo que ajudou muito a evitar a constipação dos filhotes foi o uso de psyllium e deixar que eles tenham contato com a natureza, pois assim comem pedaços de grama, caçam pequenos insetos, tomam sol e fazem sua atividade física diária. Dentro de casa deixamos duas poltronas para eles escalarem, e pularem de uma para outra. Pronto! O playground estava completo!
Quando ficam dentro de casa, o uso de areia higiênica é fundamental para manter a organização e a limpeza da casa. A primeira versão que oferecemos derivada de argila, além de não ser nada prática, os filhotes colocavam na boca para experimentar e percebemos que adoram brincar na caixinha de areia, então optamos por algo que eles não comessem, e que pudessem brincar com segurança na caixinha!
Ahh, eles amam rolar na caixinha de areia até hoje. Areia higiênica com mais praticidade foi a da marca Verde Vida Descomplicada e Viva Verde Limpeza Plena, fizemos uma mistura meio a meio das duas. Além de biodegradável ela deixa um torrão firme que é fácil de ser retirado para limpeza, e se propõe a ser atóxica.
Torcemos para ser verdade! Agora que eles estão com 70 dias estamos testando uma areia de origem vulcânica, pois ela vira adubo para as plantas. Vamos testar e se ela se prestar a tudo que fala, cumprindo o que promete, voltamos para contar.
Alguns itens não essenciais
Uma bolsa que é a cara da riqueza e combina muito com essa família de sangue real é essa. Mas você não precisa gastar uma fortuna para fazer seu amigo bichano feliz.
Por exemplo, ao invés de comprar um amolador de unhas belo como esse, ou uma mansão espetacular como essa fomos nós mesmos que fizemos um playground exclusivo para essa família com caixas papelão, cordas, madeira/ galhos/ troncos, meias, roupas velhas, uma meia calça velha da sogra e muita criatividade. O resultado foi pura festa! Nunca vi seres tão felizes pulando e se divertindo tanto! E claro, fizemos mais brinquedinhos e curtimos esse presente do universo que foi recebê-los em nossa vida.
Você deve estar pensando: " Aposto que vão ficar com todos!" Esse era nosso sonho, mas Dollar Gato - o guardião mais velho - não quer saber de ser pai de filho dos outros, e dividir território, e mesmo Betinha está enciumada com ele, e ele com ela. A casa agora tem fronteiras bem estabelecidas. Essa transição e adaptação entre eles está sendo trabalhada com muito amor, e deixando eles irem se acostumando um com o outro aos poucos.
Ninguém pode entrar nos aposentos de Dollar Gato ou ele fica virado no Jiraia. Para evitar um desentendimento violento, e sabendo que os filhotinhos tinham ainda mais chance de outros guardiões cairem de amor por eles, partimos para uma criteriosa seleção dos futuros guardiões dos herdeiros de rainha Elizabeth Oitava da Costa do Dendê da Bahia do Brasil. Daí em diante foi uma lição de aprendizados: o ser humano espera muito de um gatinho, mas pouco ou quase nada tem a oferecer.
Enquanto isso os gatinhos aproveitavam cada momento como se fosse o último (talvez lá no fundo soubessem que aquela oportunidade de brincarem juntos não fosse durar para sempre) e mamavam à vontade. Decidimos também aguardar eles desmamarem naturalmente para partirem para missão seguinte.
Todo ciclo possui começo, meio e fim
Escolhemos a dedo os guardiões que seriam parte dessa história e também pudessem dar uma vida maravilhosa e cheia de bem aventurança aos descendentes dessa rainha, que venceu as atrocidades humanas através do amor.
Nunca e em nenhum momento vimos raiva, ódio e desprezo nos olhos da Betinha. Ela saiu do local onde morava apenas respirando e olhando em direção à praia. O universo havia lhe enviado guardiões que assumiriam ela já grávida.
Respirando PAZ & GRATIDÃO: assim vimos ela ao ganhar um lar que pudesse relaxar para aguardar a chegada dos seus filhotes. Parecia que nos conhecimos há muito tempo. Quando precisamos fazer a viagem de volta, seus filhotes estavam com 10 dias de vida.
Olhamos para ela e falamos: "Betinha prepare os filhotinhos, pois temos uma viagem longa pela frente". Ela correu, deu de mamar para os pequenos, foi nos avisar, voltou e ficou do lado da sua singela e prestigiada mansão/Resort Miau-a-Lago d'Carboard.
Gratidão e paz
Por essas e outras atitudes que nos inspiram seremos eternamente gratos a Betinha por nos trazer tanta alegria e a àqueles que agora são membros da Família Real da Costa do Dendê da Bahia do Brasil: Príncipe William, Duquesa Kate Miaudleton, Príncipe Harry, Duquesa Meghan de Sunset, Sir Escobar (vulgo O Samurai de Osaka), Príncipe George da Pomerania (vulgo Tininho). Que eles sejam muito felizes e convivam com a melhor versão do ser humano.
Prestamos bastante atenção para aprender todos os ensinamentos -sejam felizes ou dolorosos- do nosso resgate com esses guardiões tão distintos, ilustres e amorosos. Mas isso fica para um próximo post!
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